quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Vídeo Aula 6 - Educação comunitária e questões de gênero na escola

      Nesta aula, propõe-se o trabalho baseado na ética e igualdade de gênero, por meio da apresentação de um projeto de intervenção e investigação, o qual nos alerta da importância de a escola não se isolar da responsabilidade da comunidade, como por exemplo em relação a violência contra a mulher.

      Assim, o objetivo principal da vídeo é conscientizar os espectadores sobre o papel fundamental da escola na inserção de temas relevantes para a comunidade  no currículo.

Imagem disponível em: <http://www.zoom.org.pt/moodle/course/view.php?id=71>. Acesso em 09.nov.2012.


Confira, abaixo, um texto vencedor do 2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero , do Edital de Pesquisa no campo dos estudos de gênero, mulheres e feminismos, promovido pelo Governo Federal.


Delas e deles, daqueles e daquelas, contudo (não) somente eles e elas

Decifra-me ou te devoro, disse a esfinge.
Devora-me e não me decifra, digo eu. Não me aceitas porque me desentendes.
Eu deveria me ser, mas antes disso, sou tu, sou ele e sou nós. Antes de ser plena, sou pequena. Isso é ser? Não. 
Não há ninguém? Há, mas ninguém é. Minto, poucos são.
Disseram-me que já fui densa, tensa e intensa. Ele é mais, e me deixa menos, cada vez menor.
Fui um dia, não sou mais, serei?
Não me aceitas porque me desentendes. Sem entendimento não há aceitação.
Certas reflexões me atormentam. Mas não seria tudo um tormento? Na verdade são 
imposições, formas que limitam e definem o que não pode ser definido. São preconceitos, modelos sem vida. E essas imposições me ignoram, não por me deixarem de lado, mas por me incluírem nisso. Eu não as ignoro, as vivencio. 
Eterno convívio sem compreensão. Monólogo entre dois: um que pelo ego oprime e outra que pela opressão se perde. 
Não existe perda por si só, os outros a fazem existir. 
E por ainda, aqui estou, estando e tendo. Estando nesse estado que me é e me faz do jeito que sou.
Sou uma vírgula.
Às vezes me tomo por devaneios, o silêncio é o maior deles. Apesar de que o silêncio seja uma mera idealização, as mudanças, estas sim, são o ideal, e eu sou a ideia, ou pelo menos a crio. 
Quem fala mais alto? Eles ou elas? É lamentável: eles falam e elas calam-se. 
Caladas, mas nunca em silêncio. Fomos um dia pequenas, encolhidas, mas crescemos, mudamos!
Sou uma exclamação.
Porque será que nem tudo é o que aparenta ser? São dúvidas cruéis. Mas não tão cruéis como a dor da indiferença, do desalento e do desrespeito. Isso é doído, me dói, destrói. Só eu sinto essa dor?
Sou uma interrogação.
Não me conformo com a diferença, é dor, é cruel, é ruim. Somos e pronto. 
Não. São assim, mas não deveriam ser. Fazem assim, mas não deveriam fazer. Pensam assim, mas não deveriam pensar de tal maneira. Não sei o que sou, ou pelo menos o que aparento ser. Contradigo-me, mas seria eu uma contradição? Não.
Sou um ponto final. 
Mas nem todo final indica conclusão. Finalizam-se as coisas, mas nem todas elas têm um fim.
A desigualdade é racional? Fico a meditar sobre isso, e não obtenho respostas. Lembra-te que nem todos os questionamentos são imediatos e nem sempre as soluções possuem racionalidade.
Abstraio-me demais, mas a abstração nem sempre é uma boa forma de entendimento. 
Encarar-se-á as coisas por completo, como um todo, coisas totalmente inteiras e ao mesmo tempo vazias. Vazias de significado, vazias de sentimento, visto que sentimento é vital, e sem sentimento não se é humano, apesar de que nem tudo humano é bom.
Um homem e uma mulher. Até quão são diferentes? Mutáveis, desesperados, incrédulos e desentendidos? Se são iguais, não sei. Nem sempre a igualdade vem ao caso, o importante é pra onde ela vai.
Conflito demasiado problemático esse das diferenças, mas a meu ver o mais agravante é o dos gêneros, há o masculino e o feminino, simplicidade mentirosa, porém tortuosidade absoluta. Admito, é ruim ser metade. É um todo incompleto. Talvez o perdão seja um auxílio certo, mas a certeza de que haja cumplicidade e respeito é imprecisa.  
E se os papéis fossem invertidos? Ou melhor, subvertidos; ainda assim o problema carregaria a sua complexidade. Complexidade inventada e artificial, porque homem e mulher antes de tudo são pares, pares que se aceitam, respeitam-se e finalmente complementam-se. Posso ter confundido as coisas, desprezado a objetividade, mas somos sujeitos, e não objetos. Somos reflexivos, recíprocos, somos o que podemos ser de melhor.
Sou uma vírgula, uma exclamação, uma interrogação e um ponto final.
Somos vírgulas, exclamações, interrogações e pontos finais.
Somos. Palavra bonita: SOMOS. Leio-a ao inverso e é a mesma coisa, a mesma coisa que muda, acrescenta e ama. SOMOS é igual a igualdade.
Somos, ainda que eu seja eu e você seja você.
Sejamos. 
Sou nós. Sou eles, elas. Sou tu. Sou eu.
Eu sou. E há respeito, pois sou tu, e tu me és. Faço parte de ti e tu fazes parte de mim. E respeito haverá porque ainda que sejamos nós, eu sou eu e você é você.
Somos múltiplos, vários e mais que isso: únicos.

Autor: Pedro Henrique Couto Torres - CEAN – Centro Educacional Asa Norte – Brasília/DF.

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